Para início de conversa:Sobre a vida na América antes da conquista europeia a partir do século XV, ou para ser preciso, a partir de 1492 alguns aspectos devem ser destacados. Primeiramente, a respeito da chegada dos europeus por aqui, houve descobrimento, conquista ou apenas um encontro de culturas?
Este assunto parece ser apenas uma questão de palavras, um preciosismo para historiadores. Talvez o seja, mas tentemos algumas reflexões sobre o assunto.
Tradicionalmente, uma visão historiográfica mais conservadora chama este momento como descobrimento. Para explicar esta situação, vamos recorrer ao que fala o professor Carlos Guilherme: “É um dos acontecimentos mais importantes dentre os que definem o início da história moderna. As navegações de Colombo provaram a esfericidade da Terra e permitiram que os europeus entrassem em contato com civilizações que desconheciam. Isso abriu um novo capítulo na história da expansão europeia, marcada pela guerra de extermínio que sucedeu ao longo do período colonial, inclusive nas terras que constituíram o Brasil atual. Houve, sim, genocídio. Os historiadores de hoje até se perguntam se houve um descobrimento ou o ‘cobrimento’ de várias civilizações indígenas. De minha parte, fico com a ideia de ‘cobrimento’!”
[1].
Em outubro de 1492 alguns navios chegaram a terras estranhas. O comandante dessa expedição achava que tinha chegado a uma região rica em produtos cobiçados na Europa (as especiarias) e com uma população pronta para negociar com eles. Não foi bem isso. A expedição era composta por três navios espanhóis, comandadas por um genovês (Cristóvão Colombo) e ele havia chegado à ilha de Guanaani
[2].
Então a questão que se poderia colocar é porque o continente aonde Colombo chegou não se chamou “Colômbia”, mas sim “América”?
Colombo, segundo suas cartas imaginava ter chegado num prolongamento do continente asiático, imaginava que era alguma ilha a leste de Cipango (como era chamado o Japão na época). Já Américo Vespucio, navegador e cartógrafo florentino já em 1502 após uma viagem ao litoral norte do atual Brasil (no Maranhão e Pará) garantia em suas cartas tratar-se de um novo mundo
[3].
MAIAS, INCAS E ASTECAS
Antes de fazermos alguma reflexão sobre estes povos procuremos explicar porque de sua escolha e não de outros. Quando os europeus chegaram ao novo mundo procuravam povos que de alguma forma pudessem comercializar com eles, que tivesse algo que interessasse aos europeus. Estes três povos apresentavam assentamentos permanentes ou urbanos, agricultura, e arquitetura cívica e monumental e complexas hierarquias sociais, governos centralizados (com exceção dos maias que se organizavam em cidades-estados), criaram sistemas de escrita (exceto os incas).
MAIAS – habitavam a península do Yucatán, na América Central, alcançando seu apogeu no século VII. Sua economia baseava-se no cultivo de milho, feijão, batata-doce. Eles conheciam o uso do ferro, a roda, o arado e de transporte por animais. A sociedade estava organizada em diversas cidades-estados e eram dirigidos por sacerdotes.
Construíram grandes templos, pirâmides e observatórios de astronomia, criaram um calendário preciso e tinham um sistema de escrita. Praticavam arte da pintura mural e em cerâmica.
Quando os europeus aqui chegaram no século XVI os maias estavam começando a ser dominados pelos astecas.
ASTECAS – Estabelecidos a partir do século XII na região do atual México, tinham construído uma das maiores cidades do mundo na época, Tenochtitlán, tinha no século XV cerca de 200 mil habitantes. Astecas estavam em expansão a partir do século XIV. Sociedade de guerreiros era governada por um rei poderoso.
Plantavam milho, feijão, cacau, algodão, tomate e tabaco. Conheciam práticas comerciais de tecidos, peles, cerâmica, sal, objetos artesanais de ouro e prata. Não conheciam ainda o ferro, a roda e animais de carga. Tinham conhecimentos de ourivesaria.
Construíram templos e tinham escrita própria e um calendário. A conquista foi feita por Hernán (ou Fernando) Cortez a partir de 1519.
INCAS – Desenvolveram-se na América do Sul, na cordilheira dos Andes onde hoje se localizam o Equador, Peru, Bolívia e norte do Chile. Seu apogeu ocorreu no século anterior à chegada dos europeus, eram governados por um imperador considerado como uma divindade, filho do Sol (o Inca).
Tinham agricultura desenvolvida plantando milho, batata e tabaco. Praticavam essa agricultura em “terraços” nas encostas dos Andes. Conheciam tecelagem e cerâmica, metalurgia do bronze, cobre, ouro e prata.
Construíram cidades monumentais como Cuzco e Machu Pichu, palácios, templos, estradas pavimentadas, aquedutos e canais de irrigação, além dos “terraços” nas montanhas.
Não tinham escrita convencional, mas possuíam comunicação por intermédio dos “quipos”
[4].
A conquista espanhola ocorreu a partir de 1531 comandada por Francisco Pizarro.
Notas:
[4] Quipos – Cordões coloridos nos quais se davam nós como forma de registrar as informações
Bibliografia:
Internet:
Cotrim, Gilberto. “História Global – Brasil e Geral, Volume 1”, São Paulo, Saraiva, 2010;
Coe, Michael. “Antigas Américas, Mosaicos de Culturas”, Volumes 1 e 2, Michael coe, Dean Snow e Elizabeth Benson, Madrid, Edições Del Prado, 1996