•Problematizando a Pré-História.
O conhecimento científico sobre a Pré-História sofreu grandes mudanças ao longo do século XX. A partir de 1970, sobretudo, novos estudos interdisciplinares (1)enriqueceram esse campo de análise. Anteriormente entendida como estudo das sociedades inferiores, por não terem desenvolvido sistemas de escrita, essa concepção de Pré-História foi duramente criticada com o avanço das pesquisas na área, principalmente pelo fato de levar à preconceituosa hierarquização de grupos sociais – pré-históricos e históricos –, a partir do desenvolvimento da escrita. Concebida, tradicionalmente, como um marco divisório entre sociedades desenvolvidas e não desenvolvidas, civilizadas e não civilizadas, a escrita não mais tem sido percebida desta maneira. A crítica a esse modelo, em beneficio de compreensões mais plurais e inclusivas das experiências humanas, tem marcado os estudos acadêmicos sobre a Pré-História.
A convicção de que a história tem início com a “invenção” da escrita e de que a Pré-História corresponderia ao período que a ela antecede está baseada na idéia de que só são documentos históricos os documentos escritos, entendidos como marcos que assinalariam a passagem do estágio de barbárie para as sociedades civilizadas. Em outras palavras, isto significa que a humanidade teria evoluído em etapas que se sucediam, de sociedades mais simples (sem escrita) para sociedades mais complexas (com escrita), e são essas as referências que aparecem em diferentes produções didáticas.
As ideias que ligam a Pré-História ao atraso tecnológico e à inexistência de sistemas de organização social, contraposta às sociedades entendidas como mais desenvolvidas sustentavam, no século XIX, os discursos imperialistas de diferentes países, como Inglaterra e França, por exemplo: a ideia de grupamentos humanos superiores e inferiores, civilizados e não-civilizados esteve na base das missões imperiais civilizadoras e conferiu aos “colonizadores” o direito de “levar a paz”, “estabelecer a ordem” e fazer imperar aos “colonizados” os ditames do “progresso”.
•As fontes do conhecimento sobre a Pré-História;
A crítica a esse modelo de análise abriu caminho a abordagens mais plurais da experiência humana. Por exemplo, a análise interdisciplinar de fósseis, de pinturas rupestres (2), artefatos e diferentes vestígios materiais, considerando a sua proveniência, datação, contexto material em que foram encontrados etc., desempenhou um papel significativo na renovação dos estudos sobre a época pré-histórica.
O conhecimento que se tem da Pré-História advém de diferentes áreas que, muitas vezes se cruzem na busca de procurar respostas para questões a ela relacionadas.
Material lítico (3), fósseis, pinturas, vestígios de fogueiras, espaços de cultos etc. podem ser associados aos diferentes campos de investigação e às suas relações entre diversas áreas do conhecimento como História, Geografia, Arqueologia, Zoologia, Paleontologia, Química, Biologia, Artes entre outras. Será, portanto da ligação de diferentes explicações dadas por estas diferentes áreas que poderemos entender a Pré-História e, aliás, qualquer outra época também, uma vez que não é apenas um único conhecimento que será capaz de explicar completamente algo.
FONTE: Texto pesquisado pelo Prof. Vitor nas apostilas da SEE-SP da área de História – 2008/2009
(1).Interdisciplinar: que envolve várias disciplinas ou áreas de conhecimento.
(2).Rupestre: feito sobre as rochas.
(3).Lítico: relativo a pedra.
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