Egito e Mesopotâmia: A maioria dos livros didáticos apresenta os estudos sobre o Egito e Mesopotâmia conjuntamente demonstrando preocupação de aproximar características semelhantes da experiência dos povos de ambas as civilizações. Preste atenção à palavra “civilização”! O uso dessa palavra pode ser preconceituoso. Algumas pessoas da elite podem querer impor seu modelo de comportamento e dizer que quem não se comporta como elas seriam “não civilizadas”. “Não civilizados” com significado preconceituoso são aqueles que não têm o comportamento e as roupas da elite que se considera civilizada. Civilização não significa estágio cultural/social, mas sim uma das alternativas que as sociedades humanas tiveram ao longo da história: viver sedentariamente em cidades, com Estados organizados, com exércitos armados, religiões organizadas, divisão do trabalho em especialidades, sociedade dividida socialmente em ricos com poder e pobres. Isto é uma civilização. “Não civilizados” são os grupos humanos que não seguiram esta alternativa histórica.
Às sociedades egípcias e mesopotâmicas atribuem-se a criação do Estado e a vivência de experiências semelhantes em suas formas de organização social, entre as quais política, religião e economia podiam ser entendidas como coisas inseparáveis. Embora houvesse um grande número de variações devido as regiões terem sido povoadas por diferentes etnias, e o modelo de organização social e econômica são parecidos com práticas agrícolas, hidráulicas , governamentais, de gestão do trabalho, desenvolvimento de sistemas de escrita (embora diferentes) que caracterizam os povos do Oriente próximo, sobretudo egípcios e mesopotâmicos.
No que se refere ao Egito, em seus primeiros tempos a imagem inicial que se tem é a de um “país” agrícola. Os livros didáticos reproduzem exaustivamente um refrão, que de tão repetido ao longo do tempo tornou-se clássico, o de que o Egito seria uma “dádiva do Nilo”. Com essa frase, Heródoto referia-se ao regime de cheias do rio que deixavam, após sua passagem, os solos irrigados e fertilizados para a agricultura, acrescentando que “Em todo mundo, ninguém obtém os frutos da terra com tão pouco trabalho. Não se cansam a sulcar a terra com o arado ou a enxada, nem têm nenhum dos trabalhos que todos os outros homens têm para garantir as colheitas. O rio sobe, irriga os campos e, depois de tê-los irrigado, torna a baixar. Então, cada um semeia o seu campo e nele introduz os porcos para que as sementes penetrem na terra: depois só tem de aguardar o período da colheita. Os porcos também lhes sevem para debulhar o trigo que é depois transportado para o celeiro.”
Para alguns historiadores contemporâneos, essa visão mostrada por Heródoto se explicada pelo fato de o autor ser originário de regiões nas quais era necessário trabalhar muito para conseguir uma magra colheita, de um solo hostil, rochoso. A frase de Heródoto e o trecho acima citados não mencionam e desprezam o fato de que as cheias e a descida das águas implicavam construção de diques, canais de irrigação e drenagem, sempre preocupados com o volume das cheias (estas obras são chamadas de hidráulicas). Tanto para esses trabalhos – que nem sempre aparecem nas abordagens didáticas sobre o Egito, muitas vezes preocupadas em mostrar a beleza de suas pirâmides e obras faraônicas, sem explicar e dizer como foi possível sua construção.
Outro importante aspecto da sociedade do antigo Egito que merece destaque nos livros didáticos é o sistema de escrita desenvolvido por eles, os hieróglifos. Desde os primeiros estudos a seu respeito no século XIX (19), os conhecimentos acerca do Egito mudaram muito. Pela decifração de sua escrita, todo um sistema de linguagem, estrutura e organização social abriu-se a novas formas de compreensão.
Rio Nilo, pirâmides, esfinges e grandes construções e escrita hieróglifos podem ser entendidos como referências básicas do conhecimento, da memória coletiva, que adquirimos dos mais diferentes meios, livros didáticos, filmes, jornais e até, por incrível que pareça de aulas de história, e é a partir deles que vamos estudar a civilização do Crescente Fértil.
A Mesopotâmia, a outra ponta da nossa Lua na fase quarto crescente no mapa do Crescente Fértil, os atuais Iraque e Kuwait, por sua vez, geralmente é responsabilizada pelo surgimento das primeiras cidades e do primeiro sistema de escrita. Geralmente, nos livros didáticos encontramos apenas referências apenas ao significado literal de seu nome, “entre rios” (Tigre e Eufrates), ou seja essa civilização não conseguiu ter na memória coletiva um lugar que corresponda à sua importância, ao contrário do Egito, à Grécia e Roma da Antiguidade Clássica, por exemplo. Para explicar este aspecto, é preciso pensar que no século XIX os historiadores tentavam mostrar o passado da Europa nas civilizações egípcia, e principalmente, grega e romana. Tão desenvolvida na época quanto os egípcios, desenvolveram-se também no controle do curso das águas por meio de canais e diques e seus benefícios para a agricultura. Nessa região, entre os rios Tigre e Eufrates, desenvolveram-se dezenas de cidades, acompanhadas de inúmeras trocas comerciais, possíveis graças ao desenvolvimento da agricultura além de outras necessidades de sobrevivência, como móveis, artesanatos diversos, roupas, e outros itens.
A disputa no século XIX (19) entre França e Inglaterra pela posse imperialista da região do Crescente Fértil, levou a diversas escavações arqueológicas que descobriu cidades como a Babilônia e seus Jardins Suspensos, plaquetas de argila com inscrições cuneiformes e outros artefatos trouxeram a público a forma de Estados centralizados e controlador de grandes extensões de terras, e da importância dos diversos povos mesopotâmicos para a História, principalmente no que se refere ao Direito (Código de Hamurábi), à astronomia e astrologia.
Fonte ou Bibliografia:
Egito: Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Egito
Mesopotâmia: Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesopotâmia
Sobre as duas: SILVA, Glaydson José da. Cadernos do Professor. História: Ensino Médio, 1ª Série, São Paulo, SEE, 2008, p. 32-39.
q mé vcs eu colando aqui a mina batendo uma pra mim e ccs
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