quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Reis, cidades e comércio na Idade Média

Renascimento comercial e urbano e a formação das monarquias nacionais


Primeiro a ideia de renascer. Renascimento urbano, comercial entre os séculos XI e XV, e depois, mais tarde entre os séculos XIV e XVI, o renascimento científico, artístico e cultural. Estes “renascimentos” são sempre lembrados e citados nos livros e manuais escolares de história.
Mas, para que algo renasça, precisa obviamente morrer. Começo a tratar o assunto pelo primeiro renascimento, o comercial e urbano.
O comércio, enquanto uma atividade de troca entre os homens, essencial para a produção e o consumo de bens e mercadorias desapareceu?
As cidades, enquanto espaço de moradia de diversas pessoas próximas umas das outras, com tamanhos variados deixou de existir em algum momento?
Alguns historiadores afirmam que após o declínio do Império Romano do Ocidente com a chegada dos primeiros povos germânicos a partir dos séculos IV e V muitos passaram a viver nos campos. Mais tarde nos séculos IX e X com a chegada dos segundo grupo dos bárbaros (agora os vikings e magiares) e com o domínio muçulmano do Mar Mediterrâneo mais pessoas abandonam as cidades refugiando-se nos feudos (grandes propriedades rurais). Nos feudos, ainda segundo esta historiografia eram autossuficinetes, produzindo quase tudo o que necessitavam. Com isso as trocas comerciais desaparecem. Para estes historiadores, portanto, cidades e comércio despareceram na Europa Ocidental. É uma época de atraso econômico e de isolamento dos europeus presos a uma vida rural.
No entanto, os europeus ocidentais sempre mantiveram contato, pelo menos, com o Oriente Próximo e com o norte da África. Lembremos que no Oriente Próximo estava localizada Jerusalém e no norte da África ficava o celeiro do mundo antigo ocidental (o Egito).
Cidades nunca deixaram de realizar trocas comerciais. Produtos gerados na própria Europa Ocidental e/ou vindos do Oriente eram trocados. Com as Cruzadas houve aumento nestas trocas, verificado nas cidades da atual Itália (Veneza e Gênova). Estas cidades cresceram muito graças ao monopólio das produções asiáticas (especialmente as sedas e as especiarias). Além desse controle, em muitas cidades do norte da Europa (Londres, Hamburgo, Lubeck) seus comerciantes criaram associações de comerciantes as chamadas HANSAS, e algumas delas, especialmente na região da atual Alemanha (Hamburgo, Bremen, Lubeck e Rostock) criaram associações de hansas, na chamada LIGA HANSEÁTICA. Desta forma dois pólos comerciais estabelecem-se na Europa Ocidental, um ao sul e outro ao norte. A ligação entre estes dois polos fazia-se por rotas que atravessavam os vales da atual França, na região da atual Champagne e mais ao norte na região de Flandres (atualmente Holanda e Bélgica). Nos entroncamentos surgiram as grandes feiras medievais onde o encontro entre os mercadores destes dois pólos promoveu crescimento comercial. O aumento de transações promoveu a necessidade da utilização em larga escala de valores de troca (moedas e letras de câmbio).
Ao longo destas rotas multiplicavam-se os burgos, algumas antigas cidades romanas agora reativadas outras eram aglomerados que agora ganham importância.
Aliás a palavra "BURG" é de origem germânica, foi latinizada como "Burgo" que significa cidade. Os seus habitantes eram os burgueses. Mas hoje, quem é burguês?

E as monarquias nacionais?

Na Baixa Idade Média, na Europa Ocidental um novo modelo de organização da sociedade vai lentamente se formando, é o caso das monarquias nacionais. Os antigos reinos bárbaros, germânico-romanos, como foi o dos francos de Carlos Magno e de seus descendentes após a assinatura do Tratado de Verdun em 843.
Na Europa ocidental a peste negra, problemas de abastecimento, guerras e revoltas camponesas deixam aparentemente a região mergulhada numa situação de caos e desordem, milhares de pessoas morriam, fome, doenças, guerras...
Esse processo de formação dos Estados nacionais deve ser estudado caso a caso.
Algumas dos grandes países da atual Europa Ocidental surgiram nesse movimento da história: França, Inglaterra, Portugal e Espanha. Outros, como a Alemanha e Itália, por exemplo, têm um processo diferente surgindo mais tarde.
Estado Nacional é uma forma de governo (Estado) que engloba uma nação. E ai surge a necessidade de entender o que é uma nação. Primeiro é preciso ter claro que esse é mais um daqueles conceitos que para serem entendidos é preciso saber que, como diz Ernest Renan é uma dessas coisas que se faz num momento, num lugar, e se desfaz noutra época e, talvez num mesmo lugar. Ainda pensando junto com Renan, pode-se dizer que a nação é por parte do indivíduo um consentimento diário, uma identificação que encontramos diariamente. Sou desta nacionalidade por gostar de onde vivo, por ter esta crença religiosa, por ter este gosto esportivo, por falar esta língua, por ter esta história comum, enfim por ter estes aspectos que me dão uma identidade.
Mas seria este o conceito de nação que predominava na época da formação das Monarquias Nacionais que estudamos? Certamente que não: é outro tempo, é outro lugar, é outra cultura, portanto será outra a forma de entender o conceito de nação. Será possível, no século XXI descobrir que conceito faria o homem nos séculos XI ao XV? Não sei, mas tentemos...
Para os reis que desejavam fazer as monarquias, a nação era um território unificado, submetido a uma mesma lei criada por ele, pagando impostos determinados por ele e controlado por um exército nacional comandado por ele. Como pode ser visto era uma idéia um pouco diferente da atual. Em que aspectos, você consegue perceber?
Bibliografía pesquisada para fazer este textículo:



Renan, Ernest. O que é uma nação? – Conferência realizada na Sorbonne em 11 de março de 1882 disponível na internet http://www.unicamp.br/~aulas/VOLUME01/ernest.pdf (Acesso dia 03/10/11)

Vicentino, Claudio. História Geral e do Brasil, volume 1, Dorigo Gianpalolo, Editora Scipione, 2010

Berutti, Flavio. Caminhos do Homem, História Ensino Médio, volume 1,Base Editorial, 2010

Faria, Ricaro de Moura. Estudos de História, Ensino Médio, volume 1,Miranda, Mônica Liz e Campos, Helena Guimarães, FTD, 2010.

Alves, Alexandre. Conexões com a História, volume 1,Das origens do Homem à conquista do novo mundo, Editora Moderna, 2010

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