segunda-feira, 21 de março de 2011

Quarto texto

As inovações da pré-história

Falar sobre tempos antigos como a pré-história pode parecer chato e desinteressante para muitos. No entanto, poderemos encontrar coisas interessantes. Este período é o mais longo dos tempos históricos. Já vimos que ele se inicia com o aparecimento dos primeiros hominídeos e termina com o surgimento dos primeiros sistemas de escrita, primeiras cidades e o Estado. Desse recorte de tempo com milhões de anos, podemos destacar diversos aspectos, que por necessidade de nosso curso serão apenas dois: a revolução neolítica (revolução agrícola)e a ocupação humana dos continentes (primeiras migrações humanas).

Revolução Neolítica ou Revolução Agrícola

É como o arqueólogo inglês Gordon Childe chamou o movimento que marcou o fim dos povos nômades e o inicio da sedentarização do homo sapiens, com o aparecimento das primeiras vilas e cidades. No Período Paleolítico, os grupos nômades não possuíam moradias fixas. Já no Neolítico e na Idade dos Metais, as sociedades humanas desenvolveram técnicas de cultivo agrícola e passaram a ter condições de armazenar alimentos. Assim os grupos humanos passaram a se fixar por mais tempo em uma região e a se deslocarem com menor frequência.
Foi uma transformação que levou o homo sapiens a se fixar definitivamente em um local e o adaptar às suas necessidades, tendo por base uma economia produtora. O processo de transformação da relação do Homem com os animais e plantas proporcionou um maior controle das fontes de alimentação.

Sociedades Nômades: O nomadismo é a prática dos povos nômades, ou seja, que não têm uma habitação fixa, que vivem permanentemente mudando de lugar. São povos caçadores-coletores, mudando-se constantemente à procura de alimentos, acompanhavam as movimentações dos animais que pretendiam caçar, procuravam os locais onde existiam frutos ou plantas a recolher e necessitavam defender-se das condições climáticas ou dos predadores.
Os instrumentos fabricados por esses grupos eram, na maioria, de pedra e osso. Alguns eram lascados para formar bordas cortantes e facilitar a obtenção de alimentos e defesa. A alimentação era composta basicamente de frutos, raízes, ervas, peixes e pequenos animais capturados com a ajuda de armadilhas rudimentares.
No Período Paleolítico, as pessoas abrigavam-se em cavernas ou em espécies de choupanas feitas de galhos e cobertas de folhas. Também usavam tendas de animais na entrada das cavernas.
A sociedade já possuía uma certa organização social e a família já tinha importância. Descobrem e dominam o fogo, possuem uma linguagem rudimentar, indícios de rituais funerários e desenvolvem as primeiras práticas de magia (devido à descoberta do fogo). É nesse periodo que surgem os primeiros Sambaquis (encontrados principalmente nas regiões litorâneas da América do Sul), devido ao fato do homem ser nômade, e se alojar num determinado local até que se esgotassem os alimentos; amontoavam conchas, fogueiras, restos de animais. Eram também nesses locais que enterravam seus mortos junto a seus pertences (colares, vestes, ferramentas e cerâmicas).
A sociedade era formada por pequenos clãs, que dividiam as tarefas entre os sexos e idades. Havia apenas um líder, que servia como conselheiro. Este poderia ser o mais forte ou o mais velho. Interessante destacar que conforme algumas pesquisas antropológicas, a lidereança era uma tarefa que exigia trabalho e dedicação. Não era um privilégio, pois o líder tinha que obedecer aos membros do grupo.

Revolução agrícola: A primeira atividade agrícola ocorreu entre 9000 e 7000 a.C. em certos lugares privilegiados da Sírio-Palestina, do sul da Anatólia e do norte da Mesopotâmia (no chamado Crescente Fértil). Aconteceu também na Índia (há 8 mil anos), na China (7 mil), na Europa (6.500), na África Tropical (5 mil) e nas Américas (México e Peru) (4.500). Em 3000 a.C., a revolução neolítica já tinha atingido a Península Ibérica e grande parte da Europa.
Os produtos cultivados variavam de região para região, mas geralmente consistiam em cereais (trigo e cevada) no Crescente Fértil e na Europa, o milho, raízes (batata-doce e mandioca) na América e o arroz na Ásia, principalmente. O Homem foi aprendendo então a selecionar as melhores plantas para a semeadura e a promover o enxerto de variedades.
Além dos conhecimentos práticos referentes a tipos de solo, plantas adequadas e épocas de cultivo, foram desenvolvidas invenções importantíssimas e práticas como a cerâmica, a foice, o arado, a roda, o barco a vela, a tecelagem e a cerveja.
Por volta de 6.000 a.C., alguns grupos humanos descobriram a técnica de produção de cerâmica pelo aquecimento da argila. Na mesma época aprenderam a converter fibras naturais em fios e estes em tecidos. Aos poucos começaram a trabalhar com metais para produzir instrumentos. Os indivíduos que trabalhavam com cerâmica, metais e tecelagem tornaram-se artesãos. Eram os primeiros sinais de mais uma divisão social do trabalho (antes apenas entre homens e mulheres). A diversidade na produção, a especialização do trabalho e as novas funções na sociedade contribuíram para que algumas comunidades de agricultores se transformassem em vilas e cidades, constituindo o que alguns historiadores chamaram de Revolução Urbana.

Domesticação dos animais: Para além da agricultura, a criação de animais foi outro passo muito importante para a alteração do modo de vida do Homem, pois deu a ele não só a possibilidade de não ter de se deslocar para obter a carne e as peles necessárias à sua alimentação e conforto, mas também o leite e, com a domesticação do boi, uma força para tração. A domesticação deve ter surgido espontaneamente em vários locais, resultado da evolução natural de aproximação e observação dos animais no decurso das caçadas. O primeiro animal domesticado foi o cão, seguindo-se animais para a alimentação, como a cabra, o carneiro, o boi e o cavalo.

Comércio: O aumento da produção criou excedentes e permitiu as trocas de produtos, que dão origem ao comércio. Privativamente a atividade do comércio se faz de comunidade para comunidade em meio de seus chefes. Pouco a pouco, porém, forma-se um grupo de indivíduos especializados em vender e comprar mercadorias. O comércio, por sua vez, aproxima vendedores e compradores, favorecendo o desenvolvimento das cidades.
As primeiras cidades são por vezes consideradas grandes acampamentos permanentes nos quais os seus habitantes não são mais simplesmente agricultores da área que cerca o acampamento, mas passaram a trabalhar em ocupações mais especializadas na cidade, onde o comércio, o estoque da produção agrícola e o poder foram centralizados. Sociedades que vivem em cidades são frequentemente chamadas de civilizações. Isto foi possível, segundo diversos especialistas em geografia e história urbana, graças ao domínio da agricultura e da domesticação de animais para pecuária, movimento conhecido como revolução neolítica.

Ocupação humana dos continentes ou as Migrações Humanas:

Uma das características mais acentuadas do gênero Homo é sua tendência para ocupar novos espaços (habitats). Assim se explica a gradual difusão do Homo erectus desde as "bases" africanas e/ou asiáticas. A migração deve ter sido processo lento, realiazadas, talvez, por sucessivas gerações que buscavam novos territórios de caça.
A difusão do Homo erectus através da África, da Europa e da Ásia resultou na separação dos diferentes grupos de populações, desenrolando-se, assim, uma série de características - ou símbolos de identidade - regionais. Alguns grupos tiveram que se adaptar aos climas temperados, o que explica, talvez, o uso deliberado do fogo como fonte de calor e mais tarde como elemento para a preparação de alimentos. Neste sentido, assistimos a uma progressiva expansão por todo o Mundo antigo, com exceção das regiões mais ao norte, com as descobertas recentes indicam a existência de grandes "províncias" antropológicas, nas quais as populações evoluíram de forma independente, adaptando-se ao meio, mas sem um corte radical entre as mesmas. Os últimos erectus desapareceram aproximadamente há 300 mil anos. As comunidades posteriores de homo sapiens sapiens sofreram uma diversificação adaptativa em função das diferentes geografias e climas que colonizaram. Esta diversificação está na origem das variações atuais. No decorrer desta fase recente da sua evolução, a Humanidade reforçou esta expansão. A Austrália foi ocupada provavelmente há 40 mil anos, a América há mais de 20 mil. Mais recentemente e graças ao desenvolvimento técnico, as ilhas do Pacífico foram alcançadas e as regiões mais frias do hemisfério norte foram ocupadas.

Fontes deste texto:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Neol%C3%ADtica (acesso em 04/05/2010)
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%87atalh%C3%BCy%C3%BCk (acesso em 04/05/2010)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_das_cidades (aceso em 21/03/2011)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Projeto_Genoma_Humano (acesso em 21/03/2011)
http://www.infopedia.pt/$as-migracoes-humanas-no-paleolitico (acesso em 21/03/2011)

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